Uma leitora de Portugal, Arlete Castro, também escritora, nos enviou uma pequena peça inspirada na leitura do Feridos, que compartilho neste espaço. Obrigada, Arlete!
I Acto
sou como um andarilho.
maltrapilho, busco encontrar
o Caminho por onde andei.
meu coração pulsa no peito acelerado,
atrás do escudo que esconde a cicatriz
e disfarça enquanto junta os pedaços
do eu dilacerado,
que se alimenta esfomeado
da decepção que me corre nas veias.
teia que me prende a uma dor sem nome,
mas que me consome
e faz ofuscar a luz
que dantes até me fez voar.
a minha alma transborda à sangue derramado
mas oculto pela incerteza de quem confiou a vida e o coração
ao homem por Deus designado,
apaixonado por soberana vocação. que ilusão!
II Acto
sou também um andarilho
maltrapilho,
busco encontrar o Caminho por onde andei.
ultrapassei limites.
pensando que cuidava...centralizei.
confundi poder com unção,
zelo com manipulação... abusei.
meu coração também bate acelerado.
as minhas marcas se prendem a solidão
das sombras que norteiam minha alma,
cansada da minha própria insensatez.
vou peregrino nesta estrada que conheço,
peso meus passos atordoado por tamanha embriagues.
atrás de mim deixo um púlpito vazio
e o desejo de acertar uma outra vez.
III Acto
ouço o clamor dos teus lábios.
vejo o escudo que esconde a cicatriz
e os pedaços da tua vida,
decepção que incendeia
e semeia dor, ofuscando a minha luz.
olha pra mim...
vejo ainda o teu eu dilacerado
perdido no Caminho que conheces
e a unção guardada num pote aí ao lado
enquanto olhas para traz atarantado
sem ver que a tua frente,
há o vazio da minha cruz.
olha pra mim...
levantem do lugar onde caíram
vejam a graça que transborda das minhas veias
teias de amor que acolhem toda dor,
a chave certa pra qualquer encarcerado
perdão completo, boas novas...
vida plena em seu favor.
prestem atenção ao Caminho
tirem as pedras que engessam a sua estrada
partam o pão da comunhão que lhes é dado
bebam do vinho da alegria
e celebrem em cada canto, em cada casa
sou eu em vós... o livramento.
Arlete Castro
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Bate papo sobre o Feridos
No link abaixo você encontra uma entrevista feita pelo pastor Fernando Oliveira, de São Paulo, sobre os principais tópicos do livro. Veja e comente:
http://www.koinoniaonline.net/paponarede/papo%20na%20rede%_20.htm
http://www.koinoniaonline.net/paponarede/papo%20na%20rede%_20.htm
quinta-feira, 4 de março de 2010
Quando isso tudo vai ter fim?
Ainda estou me acostumando aos efeitos de escrever um livro. Como repórter durante boa parte da minha vida profissional, habituei-me à breve duração de uma reportagem que um dia nasce, levanta poeira e, no outro dia já virou papel de embrulhar peixe na feira.
Com o "Feridos", porém, não é assim. Tenho recebido emails regulares ou retornos pessoais de pessoas desconhecidas, que acabaram de ler o livro e se identificaram com as histórias. Essas pessoas vêm até mim para compartilhar suas tristes experiências de abuso, e me pegam de surpresa: mas você também? E de novo? Quando isso vai ter fim? É a pergunta que sempre me ocorre. Já não chega de tanta manipulação em nome de Deus, tantos maus pastores? Mas, não, a "coisa" não tem fim. É uma legião de feridos da falsa religião, que prega o legalismo e a barganha com a Divindade. É uma constatação dolorosa mas verdadeira. Marília
Com o "Feridos", porém, não é assim. Tenho recebido emails regulares ou retornos pessoais de pessoas desconhecidas, que acabaram de ler o livro e se identificaram com as histórias. Essas pessoas vêm até mim para compartilhar suas tristes experiências de abuso, e me pegam de surpresa: mas você também? E de novo? Quando isso vai ter fim? É a pergunta que sempre me ocorre. Já não chega de tanta manipulação em nome de Deus, tantos maus pastores? Mas, não, a "coisa" não tem fim. É uma legião de feridos da falsa religião, que prega o legalismo e a barganha com a Divindade. É uma constatação dolorosa mas verdadeira. Marília
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