quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

“Só existe um Pastor que nunca falha”

Entrevistas
Publicado em 04/12/2009 - portal www.lagoinha.com


“Só existe um Pastor que nunca falha” Em tom de alerta, mas também de alento aos ressentidos, Marília de Camargo fala da repercussão de sua dramática obra, “Feridos Em Nome de Deus” Não fosse pelo fato de ela não ter sido ferida por um pastor ou uma liderança, como ela mesma afirma, bem que o título da presente reportagem poderia ser : “Ela fez da sua dor a sua bandeira”. Mas ainda que não seja esse o caso, foi a partir de sua própria experiência de ter ouvido os relatos comoventes e dramáticos de gente que diz ter sido vitima de abuso de toda sorte por parte da liderança, de seu pastor, que Marília de Camargo César se lançou na escrita de sua polêmica, mas real, obra Feridos Em Nome de Deus (Editora Mundo Cristão, 2009). Detalhe: essa gente que a procurou era da mesma igreja que ela. Ou seja, ela viu de perto essa comunidade cristã vir à baixo no mais amplo sentido da palavra quando, por motivo de saúde, o pastor se vira obrigado a se afastar da liderança. Tempo suficiente para que pipocassem denúncias de suposto abuso de poder. Ela diz no prefácio de sua obra: “Seria melhor se um livro como esse nunca precisasse ser escrito. Ele carrega em suas linhas uma boa dose de dor e desamparo, sentimento que tive de acolher, digerir e esperar que me ensinassem suas lições até poder traduzi-los para essas páginas e contar adequadamente as histórias que se seguem”. Ainda que o tema não seja novo, o sucesso e a aceitação do livro estão no fato de o mesmo ter sido escrito em forma de documentário. Ela foi mesmo a campo como jornalista que é para escrever o livro. E só mesmo um motivo justificaria a imensa procura pela obra (em dois dias de lançamento, 5 mil livros vendidos, agora na terceira edição): a dor dos próprios feridos. Nessa entrevista que nos concedeu com exclusividade, Marília de Camargo César dá mais detalhes acerca de tudo que diz respeito à sua obra, incluindo sua repercussão. Contados a partir de seu lançamento – junho desse ano – até hoje, já se passaram seis meses. Mas por uma questão mesmo de dar tempo ao tempo, optamos por só agora soltarmos a matéria. Longe de agirmos em nome do chamado “faro jornalístico” para darmos o tão propalado “furo de reportagem”, preferimos aguardar. Até mesmo para termos uma leitura mais madura e sábia acerca do que tínhamos em mãos: além do próprio livro, matérias, entrevistas, releases, notas e dados diversas pertinentes. A pauta emergiu da própria leitura de todo esse material, além da própria obra. Algumas ressalvas aqui se fazem mais que necessárias. Primeira: a presente reportagem não tem qualquer cunho de apologia ao um suposto “movimento fora pastores”, como se estivéssemos a promover um “caça às bruxas” às avessas em nome de uma “santa inquisição”. Ainda que não neguemos o fato, também é fato de que agir em causa e justiça próprios é perpetuar ainda mais a dor. Ainda que reconhecendo que esse é um “comprimido” não tão fácil assim de descer “goela abaixo”, o perdão continua sendo o melhor remédio para a cura de qualquer ferida. Seja ela de cunho emocional ou espiritual. A presente matéria visa uma coisa só: a reflexão para uma ação em equilíbrio em relação ao testemunho cristão. Segunda ressalva: a partir dessa premissa acima, a matéria também não aponta nomes de pessoas ou igrejas com vistas à reprimendas indiretas por aquilo que se faz ou deixa de ser feito. Até mesmo porque a obra da autora também não tem esse teor. Terceira e última premissa: ainda que sendo uma realidade a questão de pastores e líderes abusadores, acreditamos piamente que há raras e honrosas exceções no contexto. Diria mais até: num universo tão grande de cristãos Brasil e mundo afora que constituem o Corpo de Cristo, precisamos crer que esses que agem de má fé supostamente em nome de Deus são a exceção, pois acreditamos na verdadeira Igreja de Cristo, a Noiva do Cordeiro, formada inclusive por pastores, líderes e membros fiéis, sinceros e maduros o suficiente para não só cuidarem de si mesmos, mas também dos outros. Eis então trecho da entrevista: (a íntegra está no site da igreja)

Lagoinha.com: Além dos próprios relatos daqueles que um dia foram membros da igreja que se dividiu, relatos esses feito a você enquanto escrevia, que repercussão sua obra teve para a própria liderança dessa igreja? Como todos reagiram assim que souberam do livro ou mesmo o leram?
Marília de Camargo César: Não tive vontade de saber sobre essa reação, não procurei saber. Preferi deixar o tempo cuidar de assentar as emoções e o Espírito de Deus trabalhar no coração de todos os envolvidos – ovelhas e pastores.
Lagoinha.com: Ainda sobre sua obra, como avalia sua enorme repercussão, pois o mesmo perece ter caído como bomba no colo de muitos?
Marília de Camargo: Acho um pouco exagerada essa avaliação. O blog do livro pode ser acessado (www.feridosemnomededeus.com.br) e ali você verá as mais variadas reações. Algumas críticas de cristãos que acham que contribuo para dividir a igreja de Cristo, mas a grande maioria de outros feridos, identificando-se com os relatos do livro. A repercussão, em geral, é muito favorável.
Lagoinha.com: Uma vez que o tema abordado em sua obra não é tão novo quanto parece - pois autores consagrados como Phillip Yancey, Brennan Maning, Ricardo Godim, além de outros que também são parte do casting da Editora Mundo Cristão que também compartilham do mesmo pensamento que o seu pelas obras já escritas por eles – como justificaria a enorme aceitação e repercussão de seu livro? Seria porque o mesmo fora escrito em forma de um documentário? O que diria?
Marília de Camargo: Creio que o fato de não ter sido escrito por um pastor ou um teólogo, mas por uma jornalista, causou interesse, e também pelo formato de reportagem, que não é comum no mundo editorial evangélico brasileiro.
Lagoinha.com: Com certeza, aqueles que trabalham contigo no jornal Valor Econômico souberam de sua obra. Como reagiram a ela?
Marília de Camargo: Meus amigos me incentivaram e acharam o tema muito interessante. Embora, como em sua maioria não professam a mesma fé que eu, nem têm um interesse tão grande em temas de espiritualidade, compraram o livro, mas nem todos leram (Risos)! Você sabe, jornalistas em geral costumam ser muito céticos e olham para alguém com uma convicção cristã como a minha como uma espécie de objeto voador não-identificado.