segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Inspirando poesia

Uma leitora de Portugal, Arlete Castro, também escritora, nos enviou uma pequena peça inspirada na leitura do Feridos, que compartilho neste espaço. Obrigada, Arlete!


I Acto



sou como um andarilho.

maltrapilho, busco encontrar

o Caminho por onde andei.



meu coração pulsa no peito acelerado,

atrás do escudo que esconde a cicatriz

e disfarça enquanto junta os pedaços

do eu dilacerado,

que se alimenta esfomeado

da decepção que me corre nas veias.



teia que me prende a uma dor sem nome,

mas que me consome

e faz ofuscar a luz

que dantes até me fez voar.



a minha alma transborda à sangue derramado

mas oculto pela incerteza de quem confiou a vida e o coração

ao homem por Deus designado,

apaixonado por soberana vocação. que ilusão!





II Acto



sou também um andarilho

maltrapilho,

busco encontrar o Caminho por onde andei.



ultrapassei limites.

pensando que cuidava...centralizei.

confundi poder com unção,

zelo com manipulação... abusei.



meu coração também bate acelerado.

as minhas marcas se prendem a solidão

das sombras que norteiam minha alma,

cansada da minha própria insensatez.



vou peregrino nesta estrada que conheço,

peso meus passos atordoado por tamanha embriagues.

atrás de mim deixo um púlpito vazio

e o desejo de acertar uma outra vez.





III Acto



ouço o clamor dos teus lábios.

vejo o escudo que esconde a cicatriz

e os pedaços da tua vida,

decepção que incendeia

e semeia dor, ofuscando a minha luz.

olha pra mim...





vejo ainda o teu eu dilacerado

perdido no Caminho que conheces

e a unção guardada num pote aí ao lado

enquanto olhas para traz atarantado

sem ver que a tua frente,

há o vazio da minha cruz.

olha pra mim...





levantem do lugar onde caíram

vejam a graça que transborda das minhas veias

teias de amor que acolhem toda dor,

a chave certa pra qualquer encarcerado

perdão completo, boas novas...

vida plena em seu favor.



prestem atenção ao Caminho

tirem as pedras que engessam a sua estrada

partam o pão da comunhão que lhes é dado

bebam do vinho da alegria

e celebrem em cada canto, em cada casa

sou eu em vós... o livramento.





Arlete Castro

Bate papo sobre o Feridos

No link abaixo você encontra uma entrevista feita pelo pastor Fernando Oliveira, de São Paulo, sobre os principais tópicos do livro. Veja e comente:



http://www.koinoniaonline.net/paponarede/papo%20na%20rede%_20.htm